"Deixei a minha marca na mesma baliza em que o Futre deixou a dele"

Entrevista. Herdeiro de um dos maiores nomes do jornalismo desportivo português, Rui Miguel Tovar apresenta amanhã <em>Dicionário Sentimental de Futebol</em>. O jornalista falou ao DN do novo livro e da sua carreira.
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Porquê um dicionário sentimental quando há cada vez menos sentimentalismo no futebol?

Pois, é verdade... Talvez por isso mesmo. E por ter sido uma ideia que partiu do Francisco José Viegas, que agora não vai muito aos estádios e vê o futebol de outra maneira, mais apaixonada e sentimental. Isso foi ao encontro da minha ideia, porque às vezes há situações em que temos de reconhecer a superioridade do adversário ou de aplaudir uma ação que não seja do nosso agrado. Por exemplo, o 3-2 do Platini no Euro 1984: é uma coisa que nos entristece mas vamos ver o jogo completo e temos de reconhecer que a França mereceu ganhar. A mesma coisa para o penálti do Abel Xavier... Trabalhámos esse aspeto e rapidamente fomos ao encontro deste dicionário. Não queríamos que o E fosse de Eusébio, queríamos que fosse uma coisa mais engraçada. Como o tal elétrico onde iam o Peyroteo e o Rogério Pipi...

Já tinhas as histórias todas ou foste à procura de mais para este livro?

Algumas já tinha escritas, outras em ficheiro para escrever um dia e outras foram aparecendo, por sugestão do Francisco José Viegas. É um homem que tem muita experiência de vida, tem mundo. Já viveu no Brasil, em Porto Alegre (é um adepto fanático do Grémio), tem muitos conhecimentos do futebol brasileiro e deu-me muitas sugestões, do Pelé, Tostão, Rivellino. Fui atrás dessas histórias, vi que ele tinha razão.

És filho de dois jornalistas. Estava escrito que ias seguir a profissão?

É verdade. Embora ninguém me tivesse "empurrado", mas não era preciso. A viver todos os dias ou na TV Guia ou na RTP era difícil não acabar neste meio.

Quando é que o futebol começou a fascinar-te?

A minha primeira memória é do Europeu"84 mas só me lembro de a minha mãe rasgar uma saia a celebrar o 2-1 do Jordão e de eu ficar a olhar para ela a pensar, "calma, isto é só futebol". E em 1986 recordo-me de ir ao Bonfim, ver o jogo com o Vit. Setúbal em que o FC Porto ganhou com um golo do Futre, passando para a frente do campeonato a uma jornada do fim, porque o Sporting ganhou na Luz no mesmo dia. E lembro-me de o meu pai estar a entrevistar o Artur Jorge no relvado, já depois do fim do jogo, e de eu estar a fazer um chichi na mesma baliza onde o Futre tinha marcado o golo. Estava aflito e decidi deixar uma marca no mesmo sítio onde o Futre tinha deixado a dele!

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